quinta-feira, 28 de julho de 2011

de passagem – um quase roteiro (fragmentos)





(projeção de rodovias. Foco em ele)
Ele
: olho e penso no meu filho. Mas se nem me lembro muito do rosto dele. E dela? E por que insistir em seguir com essa menina? (curta pausa) Parece que não aprendo mesmo. (curta pausa) A estrada costura essa terra e às vezes a gente pega uma surpresa. Eu menti pra você. Não é que eu (...). Tô proibido de voltar. (pausa) Da última vez nem se via mais o rosto dela de tanta porrada. Eu não conseguia dizer, não conseguia ver. Era somente aquela sombra que cobria tudo. Às vezes eu só quero descansar e vê o céu se por vermelho. Mas não dá, e dali o rebite, o rebite, o rebite. Caminhões, ônibus, carros, postes, postes, casas, chão, putas, mato, verde, poeira. Cadê você? O que você quer? Por que? O que você está pensando? Não sabe como isso tudo cria a confusão que eu achei que tivesse encerrada.
(projeção de rodovias. Foco em ela)
Ela
: clareira. Deserto. Esburacada. O que eu vou fazer depois? Não sei. Ele parece ser um bom sujeito. (curta pausa) Preciso de um banho. Hoje é o dia de lixeiro passar. Vão lembrar? Angu com quiabo, pediu angu com quiabo ontem. Falta da cozinha eu sinto. Eu sinto saudade, mas ela não me manda voltar. Tem música de saudade aqui? E você, Matheus? Também acha a sua mãe louca? E o que vou fazer depois que você também for. (pausa) Por enquanto não sei ficar sem você, não te largo. Ele me chamou de egoísta. Pousada do sossego, Motel maravilha, Parada do Zequinha. Eu não acho que tem erro aí na vida delas.

(...)

Nenhum comentário:

Postar um comentário