A chegada era mais que esperada. Horas de expectativa. Tudo em dia: ações e medidas. Contudo, o emperramento. Barrada. Denegada. O que é isso? A barreira de acesso, a barreira da língua. Espera, espera. Espera. A comunicação cambaleia nos sacolejos da truculência. Sobre a mesa dinheiro, passagens, documentos, ironias. A burocratização atinge o limite (o seu núcleo duro): o vazio, sem lugar para explicações ou justificativas. Portas? Só as que a levem de volta. O tempo se expande, e se esgarça. De repente, o movimento: camburão. Avidez por água, por comida. Espera. Negativa. Renegada. Denegada. Horas e dias em cinzas. Já longe as cores mediterrâneas. Esvai-se o projeto de encontro. Onde estará? Perguntas não encontram respostas. Do mundo não se sabe: distante (incomunicável) ou reduzido às paredes de um lugar nenhum (desfronteirizado). Chora e estranha a sanha sádica dos uniformizados, executores de gélidos silêncios só cortados por enviesados insultos. O humano vai ao rés-do-chão. A civilização do velho continente mostra a sua cara, sua moral, seu contorno, seu medo, sua arrogância. E ela assustada, sozinha.
Novamente o movimento, alinhamento. Marcados como gado contaminado, são levados em grupo. Ela entra eles. Todo cuidado é reservado àqueles que sonharam, planejaram, arquitetaram. Sem conversa, sem desculpa. A indignação revolve corpos afásicos. Está quase. Mais algumas horas. Espera. Vôo confirmado e a entrada, e o retorno, após a acomodação de todos os passageiros com destino ao país que AQUELES ousaram sair. Quem mandou ser hospitaleiro? Ficar de braços abertos por aí? Descompasso ou complexo atávico?
Partiu, deixando sonhos e fomentando amargura.
Fica a impressão de que deu tudo errado, e o pior, hoje ninguém mais tem pudor em esconder.
fofito.
ResponderExcluirvc criou este texto?
quem (o quê)te inspirou?
engraçado eu ler isso hoje. logo hoje, que tô pensando tanto nessa "cara", nessa "moral", nesse "contorno", esse "medo" e "arrogância".
Mara.