sábado, 30 de janeiro de 2010

um dia ...

Um dia sonhei que podia atravessar essa ponte. Sonhei que os passos eram dados com segurança, que minhas pernas não tremiam. Que até podia olhar pra trás, sem medo, nem busca de aprovação, algo como: - vá sim, você merece ser feliz. Um dia sonhei que a decisão não estava sustentada em frágeis bambus, que a força era mantida por um desejo elaborado.
Um dia sonhei.
Mas ainda estou aqui. Sigo devagar, dando voltas. Às vezes estaciono. Em outros momentos percebo que a ampliação dos contornos se dá devagar, quase imperceptível a olho nu. A alegria roça a minha pele, mas, arredia, insiste em firmar o desapego. Eu já não lamento.
Recolhida, em danças que só eu percebo, por se darem em uma esfera íntima e inacessível, ouso movimentos de força que julgava impossíveis. Voltas, deslizes e aberturas compõem quadros sem molduras, cartografias sem limites nesse meu devir-bailarina.
Um dia sonhei.

Nenhum comentário:

Postar um comentário