sábado, 27 de março de 2010

fantasia de carnaval 2010

Exílio.
Escrita do exílio.
Diáspora. Da diáspora.
Estranhamento.
Não-lugar que se faz em choque.
Como andar? Perdas e ganhos na expressão.
***
Mas, e se não fosse somente a expressão que contasse? Onde fica a vida que não cabe na expressão? E se víssemos freqüentemente que as pontes se desfazem com muita facilidade, que as portas se fecham sem receio, que não há janelas na parede da sala? Pra onde iria? Voltar já não é possível.
***
Outro dia tentei. Não consegui. E é da ordem do inominável a vertigem que paira.
***
Acomodo-me no estranhamento quando só às cinco horas da manha num domingo de Carnaval. Brevemente amanhece e, ao ligar a TV, tudo ainda é alegria já carregada de sono, suor e cansaço. Vislumbro algum desejo por descanso que me traz uma repentina solidariedade. E eu, Clarice Lispector, me vejo aqui mãe dos foliões, zelosa progenitora esperando que voltem pra casa, que bebam água, que se alimentem, renovem a fantasia e voltem pro cortejo pagão que desenha com muitos e tortos pés uma intempestiva esperança (...)

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