domingo, 7 de novembro de 2010

fazendo cena

“dos nossos planos é que tenho mais saudade”
(ele e ela. não importa quem comece)
- a mesa.
- mesa?
- é sua. não lembra?
- não.
- sua mãe lhe deu, parece que ela (...)
- depois eu arrumo um jeito de levar. pode ficar aqui, né?
- pode. (...) me avisa quando vier buscar.
- por quê?
- pra saber.
- tá. (...) não tava pensando nisso.
- (...)
- você tá bem?
- estou.
- é. eu também vou levando.
- tenho saudade (...)
- eu também.
- (...) de muita coisa.
- também.
- sinto muito.
- (...) é (...)
(...)
- outro dia eu fui comer um peixe no joão. me lembrei demais de você.
- o peixe do joão! me deu água na boca agora.
- foi num domingo.
- final de tarde, com cerveja.
- e paulinho da viola. que ele tocou pra mim lindamente.
- ele tá sabendo?
- não comentei. mas ele me deu umas canções, quase abraço.
- é o joão.
- ficou olhando um tempão. acho que queria dizer alguma coisa, mas não veio até a mesa como sempre fez.
- (...) fui pra serra ontem.
- foi por isso que liguei pra cá e ninguém atendeu.
- cheguei no inicio da noite. vi a sua ligação.
- pensei em vir depois do almoço.
- cachoeira. a de sempre.
- dos sonhos!
- é. das decisões também.
- das comemorações.
- não. dessa vez (...)
- eu preciso voltar lá. quero saber o que sinto agora que não estamos mais.
- (...) e o trabalho?
- corrido. agora tá tudo burocrático. e um pouco chato. mas não sei se é isso. (...) talvez volte a ficar estimulante.
- fechei dois contratos.
- bacana. (...) mudou o sofá de lugar?
- não. sempre esteve aí. acho que a nair mudou foi o espelho de lugar
- e ela?
- bem. outro dia disse que sentia falta da conversa aqui em casa, e dos risos também. (...) com aquele jeitão dela, de pouca conversa, falou que tava tudo muito silencioso. imagina?
- (...) eu tô acabando de ler o ruffato. deixo na portaria.
- (...)
- (...)
- quer mais água?
- (...) o que?
- você fica bem de azul.
- cortou o cabelo?
- já almoçou?
- (...) (...) por quê?
- (...) eu não sei mesmo. ficam aqui martelando: “por quê?” e “e agora?”
- quer dormi aqui?
- acho que quero, muito. e amanhã (...).
- amanhã (...)

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