domingo, 11 de janeiro de 2009

"E o Wally rompendo palavras!"


Pan-cinema Permanente é o nome do documentário (?) de Carlos Nader sobre (?) o Wally Salomão. Assiti há algumas semanas, e ele ainda ressoa aqui.

Performance em circuito, transbordante. O mel do excesso, da cena viva, criativa, instigante: poesia. A alegria, sim, é a prova dos 9, quando estímulo pra criação, pros bons encontros, pra obra que se faz na/em/com a vida (curta pra ser pequena). "Me segura que eu vou dá um troço", "Algaravias", "Pescados Vivos" (...) ficam desse poeta que carregou o mistério na postura de vida que não permitia quebras, pelo menos expostas, de vida e arte.
Como diz o Otto: "é o Wally que se vai, rompendo palavras".

Amante da Algazarra
Não sou eu quem dá coices ferradurados no ar.
É esta estranha criatura que fez de mim seu encosto.
É ela !!!
Todo mundo sabe, sou uma lisa flor de pessoa,
Sem espinho de roseira nem áspera lixa de folha de
figueira.
Esta amante da balbúrdia cavalga encostada ao meu
sóbrio ombro
Vixe!!!
Enquanto caminho a pé, pedestre -- peregrino
atônito até a morte.
Sem motivo nenhum de pranto ou angústia rouca ou
desalento:
Não sou eu quem dá coices ferradurados no ar.
É esta estranha criatura que fez de mim seu encosto
E se apossou do estojo de minha figura e dela
expeliu o estofo.
Quem corre desabrida
Sem ceder a concha do ouvido
A ninguém que dela discorde
É esta
Selvagem sombra acavalada que faz versos como
quem morde.

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