sábado, 28 de setembro de 2013




ela disse sim. naquela noite, depois de rodar pela rua predileta, centro velho da cidade. gostava de perambular sentido medo e excitação, filhos dos olhares invasivos e das eventuais abordagens. não parava, não conversava, era sempre assim, sem fixação. olhava, era olhada, andava, uma latinha de cerveja, um cigarro picado, mochila nas costas, trombadas intencionais, um lance rápido de pele. era o que cabia caber naqueles recortes de noites. mas naquele dia ela parou e disse sim. não sabia porque, mas aquele grupo alterou sua trajetória usual, rompeu com o seu emparedamento errante. sim praquela conversa debaixo da marquise, após a sopa, sim, resolvera ficar, e tentar quebrar o lance rápido. inicialmente só queria ouvir o que gritavam, perceber do que riam, entender o que os levavam a ficar ali juntos. sim, já os tinha visto, mas naquela noite ela quis mais. defronte ao grupo, não sabia como chegar além do olhar e da querência. sim, percebia que essa palavra chamado precisava derreter na noite e virar outras afirmativas, mais afetivas, mais efetiva, com menos gelo. sim, sim, sim. cerveja e cigarro na partilha, perguntas sem respostas, conversas sem começo ou fim, informalidades e personagens que sobrevoavam quase sem existência, ou melhor, existiam no etéreo da memória da rua. sim, era mais que isca a palavra à beira dos lábios. sim, calma e chão, pouso e promessa. a lua e os corpos, delongados lances de pele.

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