ela disse sim. naquela noite, depois de rodar
pela rua predileta, centro velho da cidade. gostava de perambular sentido medo
e excitação, filhos dos olhares invasivos e das eventuais abordagens. não
parava, não conversava, era sempre assim, sem fixação. olhava, era olhada,
andava, uma latinha de cerveja, um cigarro picado, mochila nas costas,
trombadas intencionais, um lance rápido de pele. era o que cabia caber naqueles
recortes de noites. mas naquele dia ela parou e disse sim. não sabia porque,
mas aquele grupo alterou sua trajetória usual, rompeu com o seu emparedamento
errante. sim praquela conversa debaixo da marquise, após a sopa, sim, resolvera
ficar, e tentar quebrar o lance rápido. inicialmente só queria ouvir o que
gritavam, perceber do que riam, entender o que os levavam a ficar ali juntos.
sim, já os tinha visto, mas naquela noite ela quis mais. defronte ao grupo, não
sabia como chegar além do olhar e da querência. sim, percebia que essa palavra
chamado precisava derreter na noite e virar outras afirmativas, mais afetivas,
mais efetiva, com menos gelo. sim, sim, sim. cerveja e cigarro na partilha,
perguntas sem respostas, conversas sem começo ou fim, informalidades e
personagens que sobrevoavam quase sem existência, ou melhor, existiam no etéreo
da memória da rua. sim, era mais que isca a palavra à beira dos lábios. sim,
calma e chão, pouso e promessa. a lua e os corpos, delongados lances de pele.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário