sábado, 27 de dezembro de 2008



E se, de repente, você viesse.
E se, de repente, o telefone tocasse.
E se, de repente, o jogo acabasse.
E se, de repente, tivesse coragem.
E se, de repente, a mensagem chegasse.
E se, de repente, a ansiedade passasse.
E se, de repente, a imaginação não bastasse.
E se, de repente, de repente, de repente, o encontro.
Sem meias palavras, sem subtexto, sem insinuações que se perdem em uma atmosfera que mistura tesão, dúvidas, amizade, confidência.
Se, de repente, assumíssemos a franqueza rara dos amantes que não têm tempo a perder.
Se, de repente, percebêssemos que o tempo se esgarça, que a trama pode ter dias mais felizes, que tudo é passageiro, assombro, possível.
Se ficasse nítido que o amor é partilhamento, em um delicado processo de acionar o que há de virtude e sublime no outro, que não é cobrança, que não é lamuria, desejo de completude, satisfação total.
E se, de repente, fossemos maduros.
E se, de repente, a opinião pública não tivesse o peso que atribuímos.
E se, de repente, as famílias fossem cúmplices.
E se, de repente, amor e trabalho não fossem incompatíveis.
E se, de repente, em uma noite, de repente, em uma tarde, de repente, em uma manhã, de repente, em uma outra cidade, o mar como testemunha, de repente, talvez, de repente.

Um comentário:

  1. Querido,
    achei lindo o trecho:
    "Se, de repente, assumíssemos a franqueza rara dos amantes que não têm tempo a perder."

    Para tanto, temos que nos imbuir da coragem, que de repente nos toma por inteiro.
    Coragem, paixão, palavras... do plano do efêmero para o eterno?
    Será?
    Beijão

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