Cedo
para Lucia Murat e seu “Que bom te ver viva”
Ela acorda cedo, bem cedo.
Antes de tudo, antes do mundo.
Cedo, a espera da luz.
Do ânimo: promessa.
Joga a memória em lances de dados,
E esconde peças,
Evita movimentos: o Obscuro da dor.
Bolor, páginas amarelas, enquadradas no tempo
Marcam seu vestido
Sua pele, em revestimento que bloqueia acessos e vibrações, sonha o sol.
Cicatriz.
Ela acorda cedo e teme a fresta da janela, estranha os ruídos da rua, o dia que nasce.
Copo d’água e cigarro refratam o brinde.
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