quinta-feira, 25 de dezembro de 2008


Líquida e certa, ela aparecerá: na volta do parafuso, na próxima esquina, no ruído ao lado, na surpresa das frestas de uma porta que nada prometia com seu sisudo silêncio.
Intempestivamente, ela se faz carne, mas de uma carnalidade lânguida, líquida, presença que se esvai sem ter vindo, que fixa o efêmero na retina, que transmuta o sonho no real.
Dança e brinda o retorno: breve, esfumaçante, escorregadio, contaminante.
Ela vai ficar, é o que sempre quis. Ela ou eu? Importa?
No descompasso de sentimentos, a expectativa, esse Mal de Parkinson, estremece composições e harmonias.
Nossos ruídos, assimetrias desmedidas, costumeira estridência, chegam a incomodar, a doer.
O que fazer? Susto!
Dessa aventura não se sai ileso.
Medo...
Não mais o canto da sereia. Cadê o Ulisses destemido em mim? Onde está aquela coragem que revestia armaduras? Bolha de sabão.
Resta apenas a fragrância do marinheiro.

É tempo de recolhimento, respeitoso às destemperanças dos ciclos.
O cuidado se dá no alargar dos espaços de cultivo e na fé dos giros da roda da fortuna.

“Se eu fosse uma fazenda, não teria cercas”.

2 comentários:

  1. Querido!
    Que feliz estréia,
    que presentão de Natal.
    Do tempo das incertezas, tentamos sempre produzir novos caminhos, iluminá-los, expandí-los.
    Que barato o seu blogue, adorei.
    Beijão no seu coração.

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  2. fofito, meu rei.

    eu sempre me perco num blog. não é uma linguagem que domino, essa mistura de diário/poesia/denúncia/militância/grito/virtualidade/perfumes/flerte/cores/romance.
    um blog pode ser e é tudo. e acho que meu grande problema é: descobrir onde começa, por onde segue, onde termina. eu, sempre acostumado às coisas comportadinhas da vida escrita.
    bela invenção o blog. provoca, né? ao menos uma vertigem. ou uma vontade de fazer "click" e voltar pro meu universo fantásico dos sites pornôs gays (ai, com esses eu tenho tanta habilidade!).
    mas claro que é uma delícia ler e principalmente VER você na suas palavras. você é tão... tão... tão... mário quando escreve.
    é disso o que eu mais gostei aqui: de sentir você pertinho de mim, fazer deste espaço mais um meio que nos aproxima.
    mas só enquanto a gente viver distante, antes do sonhado instante de morrermos tostados pelo sol da bahia.
    quíces. gúdi.
    viva a virtualidade.

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