quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

“Um pouco de possível, senão eu sufoco”


O que te sufoca?

O que eu não agüento?

O que o corpo deve suportar?

Que possível é esse, por vezes tão distante?


Desejar o impossível? Não sei. Talvez apenas se o possível fosse amplo, corrente, estrada. Que exige coragem, sim, mas ainda assim é caminho, trilha, que se faz no percurso. Possibilidade.


“Um pouco de possível, senão eu sufoco”, diz sempre o poeta.

Para além da necessidade.
Para além da vida nua.
Para além do alem-desprezo.


Um pouco de possível, senão eu sufoco.

Um apelo? não.
Um desejo? não somente.
Uma potência do não? Quem sabe.


Que possível é esse?

Talvez o que não nos solapa.
O que não nos assujeita.
O que não nos reduz ao grito suplicante.
O que não nos enquadra numa identidade fixa.


Um pouco de possível

Um possível pra ação.
Um possível que pode dizer não.
Que pode dizer sim.
Que encontra aquilo que alimenta.
Que encara o trágico com coragem, sem reduzir o humano.
Onde a invenção encontra passagem, devir mundo ...


Um possível que não deixa sufocar, apesar do ar que por muitas vezes insiste em faltar.

Um comentário:

  1. Lindo poema..realmente é o q minha alma tentava me dizer: um pouco de possível senão eu sufoco..

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